terça-feira, 19 de julho de 2011

Impressões de Goa

451 foram os anos que Goa teve de domínio português, iniciado em 25 de Novembro de 1510, data em que Afonso de Albuquerque expulsou os muçulmanos que a governavam, e terminado em 17 de Dezembro de 1961, com a invasão do exército indiano. Durante esse tempo, Goa tornou-se a capital do designado império português do Oriente que, de facto, nunca o foi verdadeiramente porque apenas formado por minúsculos pedaços de costa, algumas cidades conquistadas em locais estratégicos e feitorias. Deste desejo de império, que durante séculos foi mantido pela espada e pela cruz, da "Goa dourada", da "Roma do Oriente", resta hoje quase nada. A natureza, que aqui é de verdes luxuriantes, acelerou a acção dos homens. Pela paisagem distinguem-se manchas brancas de igrejas, ou apenas as ruínas que delas ainda resistem. Algumas das que permanecem são realmente impressionantes pela dimensão e pela qualidade arquitectónica. Lá dentro, os santos vestem-se de flores, os anjos têm cabelos negros e olhos amendoados e as cores da talha são azuis, rosas, verdes.... Sente-se uma decadência carregada de melancolia, uma nostalgia resignada por passado construído de memórias de fausto e opulência, que nas casas semi-abandonadas, com os seus largos alpendres e as suas cores desbotadas, é particularmente pungente.
De resto, a passagem foi demasiado curta, superficial, não deu para desfazer uma inesperada impressão de desilusão. Sobretudo, porque mesmo involuntariamente, o meu olhar ainda estava cheio do encantamento das paragens anteriores. Impõe-se portanto um regresso.

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